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ELIAS MENEZES

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Foto do escritorElias Menezes

População de Nepomuceno diminuiu nessa década. Seria pela falta de empregos na cidade?

É mais do que recorrente ouvir reclamações acerca da dificuldade em se encontrar um emprego formalizado em Nepomuceno. Entenda-se, por emprego formalizado, aquele com carteira assinada, direitos trabalhistas e contribuição previdenciária que permitirá ao empregado(a) direito à aposentadoria ao atingir certa idade em que não mais esteja apto(a) a trabalhar. Pois bem, ocorre que esse senso comum está mais do que comprovado pelos números oficiais, divulgados anualmente pela Fundação João Pinheiro (FJP). Os números, para que possam ser de fato compreensíveis e capazes de nos transmitir uma mensagem, têm de ser comparados. A comparação que aqui realizo é com Lavras, município vizinho que serve quase como polo de atração econômica para Nepomuceno. Em suma, Lavras será nossa referência de comparação. De início, consideremos a diferença populacional entre ambos municípios. Para essa finalidade, valeremo-nos dos dados recém-divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consta no censo de 2022 que nossa vizinha conta atualmente com 104 mil e 761 habitantes - ante 92.200 registrados em 2010. Já Nepomuceno viu sua população permanecer praticamente estagnada no intervalo observado, com leve queda de 25.057 para 25.018.

A simples observação demográfica, do tamanho da população, é forte indicador de que Lavras tem sido, ao longo da última década, ambiente atrativo para as pessoas. Seja pelos institutos universitários que trazem estudantes, seja por vagas de emprego disponíveis que chamam trabalhadores e trabalhadoras dos mais variados lugares, fato é que Lavras viu sua população crescer entre 2010 e 2022. Para além aumento em si, mais pessoas representam mais trabalhadores e consumidores na cidade, o que significa uma economia mais pujante e mais dinâmica. Nepomuceno, por sua vez, foi palco de trama inversa. Por aqui assistimos a uma redução do número de habitantes em nossa cidade. Não desprezo os efeitos de fenômenos como a inversão da pirâmide etária e a redução do nº de filhos por casais (além do adiamento do primeiro filho), observados Brasil e mundo afora. Contudo, levanto a hipótese de que essa estagnação também seja resultado das difíceis condições econômicas apresentadas para quem decide (e resiste) morar em Nepomuceno. Sejamos sinceros. Quais oportunidades estão abertas aos jovens de Nepomuceno? E àqueles que atingiram a terceira idade, mas ainda precisam complementar a renda familiar? A respeito da primeira indagação, sempre reitero a dificuldade dos jovens alunos egressos dos cursos técnicos do Centro Federal de Ensino Tecnológico (CEFET-MG), campus IX. Os recém-formados em Eletrotécnica, Mecatrônica e Redes de Computadores não conseguem sequer cumprir realisticamente o estágio curricular obrigatório por essas bandas da vila. Muitos ou o fazem pro forma ou buscam vagas justamente em... Lavras! Deixemos as percepções do dia a dia e voltemos aos números. Considerando a população economicamente ativa (PEA), que são as pessoas em idade e condições de trabalhar e produzir (saudáveis entre 18 e 65 anos), 33,3% (2021) têm uma carteira de trabalho assinada, em Lavras. Sob os mesmos parâmetros e no mesmo ano, Nepomuceno apresentou a marca de 19,2%.

Pode, à primeira vista, não parecer uma diferença tão brutal. Por isso, convido o caro leitor à seguinte reflexão: - somente 1 em cada 5 dos trabalhadores nepomucenenses têm carteira assinada (CLT); - 1 em cada 3 dos lavrenses tem a mesma CLT. Vejam a diferença! Como negar que a "sonolência" da economia municipal de nossa cidade constitui fator de redução populacional? Para Nepomuceno crescer (demograficamente) é preciso crescer (economicamente). Como fazê-lo? Aí já é assunto que deixo para próximo artigo...

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